jueves, 12 de mayo de 2005

Dia da Independência em Cuba

No verdadeiro dia da independência cubano, 20 de maio, um bando de valentes fará uma manifestação em Havana, um lugar onde duas pessoas reunidas é a mesma coisa que cometer um delito. Mais informação na página da Assembléia Para Promover a Sociedade Civil em Cuba.
The purpose of this notice is the General Meeting in Havana of the General Assembly to Promote the Civil Society in Cuba.

On May 20 of this year members of the Cuban opposition will meet in Havana. This meeting is one of the most important and transcendental in the history of Cuba’s communist era. The General Meeting of the General Assembly to Promote the Civil Society in Cuba has been called for by our compatriots and members of the executive committee;- René Gómez Manzano, Martha Beatriz Roque Cabello and Félix Bonne Carcassés.

The General Meeting will be attended by more than 360 Cuban organizations operating within the island country, invitees, international observers and the accredited international press. The General Meeting will cover a variety of topics dealing with the Cuban political situation, the economy and the society. The members of the opposition will also implement several strategies meant to strengthen their effectiveness against the Cuban government in the future. The objective is clear;- to promote the establishment of a civil society in Cuba which will yield a free and democratic country. The General Meeting is taking place at a very crucial time in which Fidel Castro’s regime has once again been condemned by the Human Rights Commission of the United Nation for continued and flagrant human rights violations against the Cuban people.

Because of the importance of the coming General Meeting of the General Assembly to Promote the Civil Society in Cuba and the responsibility each Cuban has to join those who are contributing to its success requests the following of our friends in the internet throughout the World.

First: Since the internet serves as our weapon, it is very important that those persons who have not yet organized a mailing list of family, friends and acquaintances do so now. Each of us regardless of where we are in the World must become a relator of the information which will be emanating from the General Meeting.

Second: Contact the press in your area and send them the press releases put out by the Information and Support Center of the General Meeting of the General Assembly to Promote the Civil Society in Cuba.

Third: All those persons who have access to media, be it television or radio programs, the opportunity of writing for a printed medium in your respective communities please use it to call the public’s attention to the May 20, 2005 General Meeting and all the information generated by it.

Four: Please send all notices generated by the Information and Support Center of the Assembly to internet forums dealing with the Cuban dilemma. In particular those forums sponsored by newspapers, magazines, radio and television entities to maximize our exposure since these sites tend to attract great numbers of visitors.

Freedom for CubaMay 12, 2005

Talabani põe Chávez em seu lugar, de novo

Presidente do Iraque afirma que terrorismo "perde força"
da Folha de S.Paulo
O presidente do Iraque, Jalal Talabani, não reconhece a legitimidade de nenhum ato de violência cometido no país desde que os Estados Unidos derrubaram o ditador Saddam Hussein. Para ele, não há resistência legítima no país, mas apenas terrorismo.Cordial, o curdo Talabani, de 73 anos, disse à Folha que o Iraque já conta com os fundamentos de uma democracia plena e que a eleição realizada no país em janeiro é o ponto de partida para a democratização do Oriente Médio.

Folha - O sr. declarou na véspera de embarcar para o Brasil que a maioria dos atos terroristas hoje no Iraque é planejada e financiada no exterior, presumivelmente nos países vizinhos. O assunto foi discutido com esses países na cúpula?

Jalal Talabani - Não mencionei nenhum país especificamente, mas disse que a maioria desses terroristas vem do exterior. Integrantes de grupos que atuam no país, como Al Qaeda, Ansar al-Suna e Ansar al-Islam são treinados e financiados no exterior. Tive o cuidado de não mencionar nenhum país porque queremos resolver esse problema com nossos vizinhos em conversas privadas, não na mídia. O que fiz em Brasília foi um apelo à mídia árabe, que indiretamente apóia o terrorismo. Esses grupos, que matam civis, pessoas inocentes, são mostrados na mídia árabe como heróis da resistência e isso encoraja o crime. Conversei com o príncipe da Jordânia e o premiê da Síria e dos dois recebi promessas de que vão parar com a propaganda.
Folha - Na cúpula houve algumas críticas bastante duras contra os EUA, que mantêm mais de 100 mil soldados no seu país. Em algum momento o sr. se sentiu isolado?

Talabani - Não, nem um pouco. Chávez tem suas próprias dificuldades com os EUA e pode falar o que quiser. Mas ele cometeu um erro quando falou sobre o Iraque. Há uma diferença entre ocupação e presença de forças estrangeiras. Há forças estrangeiras em muitos países, como Japão, Alemanha, Coréia, Qatar, Arábia. Isso não quer dizer que eles estejam sob ocupação. A presença de forças estrangeiras no Iraque foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. Chamei Chávez para tomar um café e ele entendeu a diferença. Depois me abraçou, me beijou e disse que apóia nossa luta.

Folha - O sr. acha que há uma contradição na declaração da cúpula, que condena o terrorismo, mas apóia a resistência à ocupação?

Talabani - Não. O terrorismo é condenável, mas há resistências que são reconhecidas internacionalmente. Há diferenças entre terrorismo e movimentos de resistência que lutam para libertar um país ou para implantar a democracia e respeitam as leis de guerra. Os terroristas que cometem cegamente atos que matam civis e destroem o patrimônio nacional.

Folha - Há no Iraque hoje alguma resistência legítima?

Talabani - Não. Há dois tipos de terrorismo. Aquele que vem de fora, como o da Al Qaeda e outros grupos, que são contra a democracia, defendem um Estado islâmico ou outra causa qualquer. E há os terroristas iraquianos, que acreditam estar lutando contra os americanos, quando, na verdade, estão matando iraquianos inocentes. Na Palestina há resistência legítima. No Iraque, não.

Folha - Desde a posse do novo governo, cerca de 300 pessoas já morreram em ataques no Iraque.

Talabani - Essa onda de violência é um sinal de fraqueza desses terroristas. Se você notar, vai ver que o único recurso que lhes restou são os carros-bomba. Eles perderam o controle de várias cidades e estão sendo cercados. Mas não é fácil evitar um ataque suicida.

Folha - Tem alguma informação sobre o engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Jr., seqüestrado há mais de três meses no Iraque?

Talabani - Só ouvi falar desse caso no Brasil. Ontem o governo brasileiro me pediu ajuda. Disse que faria o possível para ajudar.

miércoles, 11 de mayo de 2005

Intercâmbio com esquerdistas do Brasil

A seguir, coloco um pequeno intercâmbio que tive na página do Circulo Bolivariano de São Paulo (é sério) com dois 'camaradas'. Reparem especialmente na frase de um deles: "a pobreza em Cuba é artificial." Vou atualizar o post caso a 'conversa' continue boa.

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[Vascaino] Site renovado, mas as mesmas idéias ultrapassadas de sempre. Ainda bem
que a opinião pública brasileira começa a chamar Chavez pelo que é, um
ditador. A reportagem de Veja é a prova mais concreta disto. Venham
para a Venezuela antes de escrever tanta bobagem.
07/05/2005 11:27

[Luciane][lualbano@...] Adorei este site, Para as pessoas esclarecidas da verdadeira revolução que está acontecendo na Venezuela, Argentina, Equador é em favor das classes menos favorecidas, contra o domínio norte americano... PEna que muitas pessoas no país não conseguem ter opinião própria ficando alienados a revistas manipuladoras no Brasil, tenho até pena destas pessoas, nossa missão é abrir a mente dos alienados para novos idéias.
Reformas já!
07/05/2005 22:38

[Vascaino] Luciane: Alienado é o cacete. Se você sabe ler, eu escrevi muito bem "venham para a Venezuela", ou seja, eu MORO na Venezuela, e sei muito bem o que o fdp do Chavez está fazendo. Não preciso de comunas ultrapassados para me "esclarecer" sobre a "revolução bolivariana", que de revolução não têm porra nenhuma. O convite segue em pé.
08/05/2005 11:08

[gu@rani.com.br][gu@rani.com.br]
alienado sim, meu caro Vascaino. eu já viajei várias vezes para caracas, e posso dizer: a classe média e classe alta torcem o nariz para o chavez. porém, você já viu aquelas favelas nas encostas dos morros, quando você vem do aeroporto para o centro ? ELES são os beneficiados pelo Chávez. ELES são quem sustentam os bacanas que têm dinheiro, com seu trabalho e tudo mais. e são ELES quem decidem quem é ou não o presidente do país, por que ELES são mais de 70% da população do país, e são excluídos por similares do PSDB, PP e PFL de lá. assim como lá, cá é igual... o ponto é, que, enquanto houver a meséria social, na qual estamos mergulhados, não estará bom para ninguém. e isso a veja não diz, por que não dá ibope, e a ética que se dane. viva
a liberdade de imprensa !! desde que esqueçamos a responsabilidade de imprensa !!! e se você não gosta da venezuela, tente você os EUA então. diz na TV que o povo é bem feliz lá.
09/05/2005 10:08

[Vascaino] Prezado Guarani: É uma pena que você não tenha escrito qual foi o motivo de suas vindas. Oxalá não tenham sido visitas guiadas por funcionários do governo, igual a como fazem com "ativistas" da esquerda mundial. Hospedam-nos em hotéis cinco estrelas, comem e bebem
do bom e do melhor e às tardes fazem visitas "espontâneas" às favelas com maior concentração de chavistas. Você infere que Chavez se importa com os pobres. Eu concordo, porque segundo números OFICIAIS, Chavez gosta tanto dos pobres que em mais de SEIS anos de governo eles
aumentaram 10%, ou seja, ele fez aumentar aqueles de quem mais gosta, não é mesmo? Enquanto isso, ele viaja pelo mundo todo num jato de $80 milhões, veste trajes de $6 mil e olha quantas horas são em Rolexes de $3 mil.
09/05/2005 12:21

[Vascaino] Veja bem: Há alguns anos eu era como vocês: botava a culpa de tudo nos gringos e demais potências mundiais. A propaganda comunista surtiu efeito em mim até que começei a ter acesso à internet. Por isso, é imperdoável que alguém, com os recursos de informação que dispomos hoje em dia, ainda acredite nessa besteira de comunismo e socialismo. Não funcionou em lugar nenhum ao longo da história e não vai funcionar. O único jeito de ter uma sociedade igualitária 100% é que esta seja feita de robôs. Enquanto houverem seres humanos sempre
haverá dissentimento, e não é um governo que conseguirá botar todo mundo pra pensar do mesmo jeito. Querer nivelar todo mundo por baixo, além de ser ridículo, é impossível.
09/05/2005 12:29

[AD] Meu caro Vascaino, não é um governo que mudará as coisas, somos nós, os seres humanos, para isso é necessário que mudamos nossas concepções, você fala que o socialismo não deu certo, e o capitalismo está dando certo? Se achar que sim vai morar no Iraque, ou até mesmo numa favela brasileira e tente sobreviver com um salário de fome. Saudações libertárias. AD
09/05/2005 13:53

[Vascaino] AD: Os governos são feitos por pessoas. Aliás, eu não escrevi em lugar nehum que devemos esperar que os governos nos levem a um standard de vida melhor. Aqui na Venezuela, é exatamente isso que Chavez quer, botar todo mundo pra viver da esmola do governo sem trabalhar. O capitalismo não é perfeito, mas é muito, mas muito melhor que o socialismo e o comunismo. Se você não acredita nisso, então venda imediatamente todas as coisas que você têm e distribua o dinheiro entre seus tios, primos e demais parentes. Entende?
09/05/2005 20:12

[Vascaino] E têm mais: a única coisa a agradecer a Chavez é ter criado o precedente do autoritarismo pelas urnas. Outros povos pensarão duas vezes antes de votar num golpista fracassado que acabou com o equilíbrio das instituições públicas em seu país. Acredito que Lula
não é igual a Chavez, mas mesmo que quisesse emulá-lo, bateria de frente com as instituições brasileiras, muito mais fortes que as venezuelanas. Diz uma coisa: Se FHC fosse presidente, você acreditaria num TSE presidido por Jose Serra?
09/05/2005 20:46

[guarani][gu@rani.com.br] Vascaino, os pobres com certeza aumentarão em todo e qualquer lugar
que resolva se livrar dos sanguessugas dos eua e europa. mas acredito que esse aumento seja temporário, assim como foi com cuba. concordo também que depois de tomada a decisão de ser independente, é preciso ter um plano, e, esse plano pode não sair perfeito, cito cuba novamente, embora, lá, vejo muito mais acertos do que erros. exclusão social existe bem mais em muitos países democráticos do que naquela ilha. e, deixemos claro que a maior parte do preço pago por quem quer ser livre, é imposto de forma bárbara pelas grandes potências. pois bem, eu conheço não só a Venezuela, mas conheço vários outros países da AL e posso dizer que quase todos estão pior do que nós. e, com tanto recurso natural, humano, etc... à nossa disposição, não há alternativa senão a sugerida pela revolução bolivariana, liderada pelo Chávez, que é a união de toda a AL, para podermos fazer páreo para os Cachorros Grandes. a questão aqui é política.
10/05/2005 09:39

[guarani][gu@rani.com.br] daí vão dizer, mas qual é a vantagem então de ser cuba ? continuemos colônia então... é o que querem que pensemos, por isso tanto embargo, tanta agressão e tanta calúnia, para que os que se aventuraram em se desgrudar, sejam um exempo de "como é ruim, viram?". porém essa visão é bem simplista e precipitada. um país isolado realmente terá dificuldades, mas um continente, ainda mais como o nosso, daí a história será bem outra. e os cachorrões sabem disso, e, temendo competição, dão golpes de estado por aqui desde antanho. por isso, eu topo pagar um preço para não ser mais colono. hoje já boicoto o que
posso de produtos ingleses, norte-americanos e israelenses. e isso já não é muito fácil.... mas sei que se não o fizer, estarei financiando a opressão e até a minha própria restrição de liberdade e futuro, através dos royalties. e, tenho medo confesso de que se um PSDB, ou PFL ou PP se elejam em 2006, daí todo esse movimento de esquerda que está florescendo nesses últimos anos, morrerá.
10/05/2005 09:51

[Vascaino] Prezado Guarani: 1-Os cubanos não são livres coisa nenhuma. Fidel prometeu, em 9 de janeiro de 1959, eleições livres. Ainda estão esperando. 2-O aumento "temporário" da pobreza em Cuba já dura 40 anos. É ou não é pobre quem ganha $6.50 por mês? Não me venha com que eles têm saúde e educação de graça, pois quem realmente usufrui disto são os turistas da saúde que vão à ilha. 3-O tal "plano" têm algum deadline? 40 anos não foram suficientes? 4-Nem me fale do embargo. Cuba só não pode fazer negócios com os EUA, mas pode fazer com o resto do mundo, a começar pela Europa. 5-Você acredita mesmo que o caminho certo é o de Chavez? Todo o poder nas mãos de uma só pessoa? 6-Respondi ponto por ponto, então responda você também ponto por ponto. Posso postar este intercâmbio no meu blog?
10/05/2005 17:04

[AD] Caro Vascaino: Eu não distribuo meus bens entre meus parentes porque são poucos bens, mas topo me unir com eles para enfrentar as dificuldades, aliás é sempre assim que conseguimos superar todas as mazelas econômicas, pois sou mais um da periferia, eu sei bem o que significa o capitalismo, sinto na pele todo dia. Experimente enfrentar uma fila do SUS, ou ver tua avó sobreviver com miseros R$ 300,00, ou então chegar em casa e perceber que você não tem o dinheiro para comprar o remédio que tua mãe precisa, ou então ficar doente e mesmo assim ter de trabalhar senão a empresa que você trabalha te demite assim que acabar o atestado. O sistema capitalista é bom para áqueles que cursam faculdade paga pelo pai, tem computador em casa, têm carro pra passear, curtem férias na praia da moda, mas para nós que suamos todo o dia preocupados se vamos ter emprego amanhã, e vemos "nossos governantes" mentindo continuadamente, é outra história. O governo é feito por algumas pessoas, não por todas. AD
10/05/2005 17:48

[guarani][gu@rani.com.br] é o seguinte, eu não disse que cuba era um país rico. eu afirmei o
contrário, por duas grandes razões: 1) o país está sozinho, e só agora a venezuela está dando uma encostada. até os eua nesta condição seriam pobres. 2) o país mais poderoso do mundo, que detém mais de 1/3 da riqueza que existe no mundo, impõe, como disse, de forma bárbara,
bloqueios, sanções e ameaças diretas e indiretas a esse país. então é que nem um copo com água pela metade, se você quiser dizer que ele está meio cheio, estará certo, mas há quem diga que ele está meio vazio, estando certo também. com esta metáfora, eu quero dizer que cuba, APESAR destes dois ítens que citei, tem índices de qualidade de vida muito superiores aos de muitos países "livres". então, 1) aqui no brasil tem eleições e o povo não sabe votar, por que a imprensa manda mais aqui até do que o poder executivo, vide a globo que pôs e tirou o collor. então essa de "prometer eleições", muita calma, pois isso pode facilmente ser um tiro no pé.
11/05/2005 09:57

[guarani][gu@rani.com.br] .....2) como disse a pobreza em cuba é algo artificial, assim como a
pobreza no brasil também o é, e na venezuela também o é. a ÚNICA saída é criar um bloco INDEPENDENTE e amplo aqui na AL. se você acha que cuba é pobre, compare com o Haiti, República Dominicana, Guatemala, Bolívia e Perú, e me diga quem é mais pobre. é como eu disse, eu vejo mais pontos positivos do que negativos APESAR da brutal desvantagem imposta à força pelos EUA. 3) o plano tem deadline não amarrado no tempo, mas sim nas codições. um governante que seja responsável não abandonará sua causa ou mesmo seu povo, em nome do ideal, pra lá de vago, de liberdade. inclusive pelo que me consta, a maioria dos cubanos aprova seu governo, embora a mídia só mostre os descontentes. 4)isso que você falou sobre a restrição somente com os eua, não é verdade. cuba hoje tem comércio com rússia, china e venezuela. o
brasil, por exemplo, não pode ter relações comerciais com cuba, sob risco de sanções dos eua.....
11/05/2005 10:05

[guarani][gu@rani.com.br] ...5) o caminho do chávez é dar poder ao povo. você deveria ver o
filme "la revolución no será televisionada". ali sim, mostra que houve grande influência da população pra impedir o golpe norte americano. chávez fez com que toda a população tivesse (e lêsse) a constituição do país. chávez dá discernimento para se estabelecer o estado de direito para o povo, e isso é muito importante. aqui no brasil só não fazem isso por que não deixam. vi nesta segunda, no roda viva a entrevista com o presidente da embraer. foi "ventilado" ali que os eua estão impedindo a licitação dos caças para a nossa soberania aérea, desde final de FHC. isso serve como exemplo do preço que pagamos por sermos tão lenientes quanto à falta de soberania do nosso país. por mim pode publicar o que quiser no seu blog. o que AD escreveu merece
crédito, pois eu, apesar de não ser nada abastado, não pertenço ao grupo descrito por ele. mas eu sei que enquanto este grupo, que é a maioria aqui estiver mal, todos estaremos.
11/05/2005 10:14

[Vascaino] AD, então você propõe que o governo deve dar de graça tudo para todos? Isso é simplesmente impossível, mesmo que o governo quisesse. Até agora, no mundo, não existiu sequer um caso de sucesso de um governo presente em todos os aspectos da sociedade, e que tenha conseguido dar prosperidade para todos seus cidadãos. Acredite, a solução não é um
governo onipresente e totalitário, e sim EDUCAÇÃO. Eu não tive faculdade paga pelo meu pai, meu primeiro (e o segundo) carro foi pago com dinheiro do meu trabalho, ninguém deu de graça para mim. Até agora, no entanto, não pude comprar carro zero, mas sei que vou conseguir. Também não tenho apartamento próprio, mas sei que vou poder ter no futuro, graças ao capitalismo, porque se você é bom no que faz, sempre terá emprego, e uma vida melhor é simples questão de tempo e trabalho duro. Agora vou com o Guarani.
11/05/2005 12:16

[Vascaino] 1) E a "encostada" que a antiga URSS deu por mais de 30 anos? Quer dizer que depois de toda essa ajuda o regime cubano não foi capaz de sair pra frente sozinho, mesmo podendo fazer negócios com TODO MUNDO exceto com os EUA? Sei. 2) O que têm de errado alguém não querer fazer negócios com outra passoa? Quer dizer que eu posso te obrigar a
comprar ou vender alguma coisa de certo provedor ou para certo cliente? Cuba pôde fazer negócios com a Europa sempre, e mesmo assim os cubanos vivem na miséria, exceto aqueles altos membros do partido comunista da ilha. 3) Prefiro ser pobre e livre que ser um pobre
escravo que não pode reclamar. Diz uma coisa: Você gostaria de ir, digamos, a São Paulo, querer comemorar alguma coisa no melhor restaurante do melhor hotel da cidade, e que na porta alguém te diga que não pode entrar porque você é brasileiro?
11/05/2005 19:19

[Vascaino] 4) Pelo menos na questão da Globo a gente concorda, é uma vergonha. Por isso só assisto futebol, F1 e A Grande Família, e olha que é o único canal brasileiro que posso assistir por aqui. 5) O tal "filme" assisti sim, mas também assisti "As 20 mentiras de A Revolução não
será televisionada", que mostra 20 falsas alegações e montagens feitas só para fazer de Chavez o mocinho do filme. Aqui na Venezuela nem os Chavistas acreditam nesse filme, de tão refutado que foi (
http://www.rottentomatoes.com/vine/showthread.php?t=294081). É um filme propaganda, como os de Goebbels.
11/05/2005 19:20

[guarani][gu@rani.com.br] ricardo, se você acha que quem usa as técnicas nazistas de controle e persuasão de goebbles é o governo do chávez, então beleza, vai aí, só não espere eu concordar contigo. se você acha que cuba pode fazer comércio com todo mundo menos os eua, e, se você acha que não haveria problema algum em isolar um país, comercialmente, diplomaticamente e politicamente, vai aí, acredite mesmo. é como eu disse, cada um enxerga as coisas como achar que deva, e vivamos em paz assim. é que nem quando a nossa mídia aqui diz que o governo lula é igual ao do fhc. realmente em alguns pontos o é, mas na maioria deles não, enfim, cada um vê o que quer ver. acho que já expus o meu ponto de vista e você o seu, estou satisfeito.
12/05/2005 09:41

[Vascaino] Beleza, Guarani. Só espero que você, como eu, esteja disposto a ouvir os dois lados da história e tirar suas próprias conclusões baseado em fatos comprováveis e números em lugar de propaganda e retórica. Até no meu blog coloquei links para 3 das mais radicais e descaradas páginas chavistas (e duas delas se dizem 'independentes'). Aposto que você não encontra links para páginas da oposição em páginas 'deles'. Abraço.
12/05/2005 10:16

sábado, 7 de mayo de 2005

Minha carta na Veja

Primeira vez que escrevo à Veja, e mesmo que a carta tenha sido editada, fico feliz pela publicação. A versão original da carta é a seguinte:

Espero que a matéria de Veja, o maior semanário do Brasil, seja o começo do despertar da imprensa brasileira com relação a este caudilho que quer ser Stalin, Simón Bolívar e Pinochet ao mesmo tempo. O discurso de Chávez a favor dos pobres é pura demagogia, como os números mostram, sempre lembrando que já estamos no sétimo ano de seu governo. Entre dezenas de promessas esquecidas, minha favorita é aquela de que mudaria o próprio nome se depois de um ano de governo ainda houvessem meninos de rua. Outra contradição do governo Chávez é o discurso anti-americano, enquanto paga com dinheiro do contribuinte a 'jornalistas' e lobbystas americanos para escreverem bem sobre o governo venezuelano, tudo através da Venezuela Information Office, em Washington. É inadmissível que a maioria da esquerda continue justificando as ações de Chávez apenas baseada no fato de que foi eleito. Houve um austríaco, lá pela década de 1930, que também chegou ao poder eleito pelo povo, eliminou qualquer equilíbrio das instituições do estado, e deu no que deu.


Minha carta na Veja Posted by Hello

domingo, 1 de mayo de 2005

O clone do totalitarismo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, há mais de seis anos no poder, ameaça a estabilidade da América Latina com o financiamento e o apoio a grupos radicaisde países vizinhos, a formação de uma milícia civil, o usodo petróleo para chantagear as repúblicas da América Central, a compra de armas e a aliança com a ditaduracubana de Fidel Castro, de quem está se tornando um clone malfeito e extemporâneo. Na Venezuela, Chávez adotou um governo centralizador, mudou as leis para controlar melhor a oposição e aumentou o tamanho do Estado, levando à derrocada de uma das mais antigas democracias da região. Resultado: a população ficou maispobre, os investidores externos sumiram e a dívida pública aumentou

Por Diogo Schelp
Imagens da reportagem em VascainoPics.
Link original: http://veja.abril.com.br/040505/p_152.html

Presidentes de esquerda estão no poder no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai. No próximo ano, eleições poderão acrescentar à lista o Peru e o México. É um grupo heterogêneo quanto a métodos e personalidades, mas nenhum dos mandatários que o formam oferece risco para seus povos e os vizinhos. Curiosamente, o único presidente de países americanos que é uma bomba de efeito retardado, o coronel pára-quedista Hugo Chávez, da Venezuela, não pode ser classificado como esquerdista. Ele não tem passado socialista ou marxista, nem teórico nem prático. Veio do meio militar e tornou-se um populista autoritário e fanfarrão. Por três razões principais, Chávez hoje representa perigo para a democracia e ameaça à estabilidade na América Latina. A primeira é que, claramente, ele não se contenta em infernizar a vida do próprio venezuelano e começa a lançar pseudópodes por toda uma crescente área de influência no continente americano. Segundo, porque tem a mover seu expansionismo o dinheiro fácil dos petrodólares oriundos da riqueza do subsolo venezuelano. Terceiro, mas não menos preocupante, Chávez está semeando insurreição e instabilidade em países que, embora nominalmente democráticos, ainda lutam para solidificar suas instituições políticas e jurídicas e suas bases econômicas de progresso material. A combinação das três razões acima faz de Chávez um risco novo e grande no horizonte da sofrida América Latina.

Nos últimos seis anos, desde que foi eleito, Chávez usou o cargo para iniciar a construção em seu país de uma versão extemporânea do regime totalitário que existe em Cuba. O coronel ainda não atingiu a sofisticação que garante a sobrevivência de Fidel Castro, este sim um esquerdista autêntico, um fóssil da Guerra Fria que sobrevive em sua ilha particular como um capataz magnânimo mas repressor. Chávez, porém, já atingiu o patamar de comandante de um regime tipicamente autoritário, que compromete as liberdades essenciais. Curiosamente – mas não surpreendentemente – a operação desmonte da democracia venezuelana foi feita pelo que se acredita ser um dos meios mais democráticos de representação – os plebiscitos. Foram sete consultas populares em seis anos. Essa democracia direta passou por cima das instituições e permitiu ao chavismo reescrever a Constituição e demolir os outros poderes da República. Depois de uma longa queda-de-braço com a oposição, o presidente venezuelano venceu o plebiscito do ano passado que pretendia encurtar seu mandato. Com a vitória, Chávez encheu-se de força moral e partiu para a ofensiva para neutralizar qualquer desafio a sua autoridade.

Por cinco razões, alinhadas pelo cientista político mexicano Adrián Gurza Lavalle, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Venezuela já não pode ser considerada um Estado democrático.

• A autonomia de poderes, princípio básico da democracia, foi suprimida. Chávez ampliou o número de juízes da Suprema Corte, de vinte para 32, e preencheu os novos cargos com aliados políticos. Juízes de instâncias inferiores podem perder o emprego caso assinem sentenças desfavoráveis ao governo.
• Numa democracia, se a oposição perde as eleições, ela continua a participar do jogo político. Na Venezuela a oposição está sendo amordaçada. Um novo Código Penal, que acaba de entrar em vigor, torna ilegal qualquer forma de crítica ao governo. No momento, 248 pessoas, entre jornalistas, sindicalistas, dirigentes políticos, professores universitários e militares, já estão sendo processadas por esse motivo.
• A lei da mordaça obriga a imprensa a adotar a autocensura. Comentários ou notícias podem ser interpretados como uma tentativa de desestabilizar o governo e dar origem a um processo. Outra legislação restringe os horários em que o rádio e a televisão podem transmitir noticiários.
• As regras do jogo político e institucional mudam constantemente, uma vez que Chávez se investiu de poderes extraordinários nos sete plebiscitos que convocou e venceu.
• Não há mais respeito pelas normas que regem o direito à propriedade privada. O governo começou seu projeto de reforma agrária desapropriando uma fazenda que abriga o maior rebanho de corte do país.
A essas somem-se os ataques à liberdade econômica, como o perpetrado na semana passada, quando Chávez ampliou o congelamento de preços da economia, tabelando também os juros bancários em no máximo 28% ao ano. É patético. Nada disso funciona – como os brasileiros sabem muito bem.

Uma novidade escandalosa do novo código penal da Venezuela é a revogação da presunção de inocência. O conceito de que qualquer pessoa é inocente até prova em contrário, criado na Revolução Francesa, é uma das bases do direito moderno. Abolir garantias individuais como essa foi justamente uma das primeiras penadas de Fidel Castro quando chegou ao poder em Cuba. Chávez demonstra necessidade quase patológica de se exibir como clone de Fidel Castro, o decano dos ditadores. Ambos se exibem em fardas militares e discursam por horas, misturando banalidades com assuntos de Estado. Não estivesse Caracas claramente substituindo Havana como quartel-general da insurgência revolucionária, tudo isso poderia ser mais uma risível patuscada de repúblicas bananeiras. Afinal, desde que o Muro de Berlim despencou, em 1989, sobre as utopias armadas e desarmadas da esquerda, ninguém mais leva a sério governos supressores da liberdade e centralizadores da economia.

A Cuba comunista nunca teve forças para se manter de pé sem a ajuda anual bilionária da extinta União Soviética, cuja bizarra estrutura se desmontou em 1991 tragada pelos próprios pecados e ineficiências. Sem a mesada que recebia da União Soviética, Cuba perdeu o fôlego para aventuras fora da ilha. Também já teria desmoronado sem o auxílio financeiro de Chávez. Fidel idolatra o presidente venezuelano. Vê nele a última tentativa de legar a seu povo uma herança menos amarga. Quase meio século depois da implantação do comunismo, Cuba é um país bem pior do que era nos anos 50. Antes do furacão Fidel, a ilha ostentava a quarta maior renda per capita da América Latina. Hoje tem a 15ª. Cuba era o terceiro de uma lista de onze países latino-americanos com o maior consumo de alimentos por habitante, com média diária de 2.730 calorias. Hoje a ilha ocupa o último lugar. A saúde e a educação melhoraram bastante. Mas muitos países, como Brasil, México e Costa Rica, atingiram resultados semelhantes sem escravizar seu povo, sem paredões – nem presidentes que vestem farda e fazem discursos de nove horas de duração.

No comando da quinta maior produção de petróleo, Chávez possui um caixa sem limites. Graças aos aumentos do preço internacional do barril, a Venezuela arrecadou 200 bilhões de dólares com as exportações do produto. "Chávez tem um objetivo claro: quer se tornar o grande líder de massas da América Latina", disse a VEJA o historiador venezuelano Manuel Caballero, o mais respeitado do país. Fidel tem no currículo uma revolução fracassada, mas que inspirou uma geração. O ditador cubano também conta com o alicerce do discurso marxista-leninista, que durante meio século deu as cartas em metade do planeta. Já o presidente venezuelano é da categoria caudilho iluminado, típico da América hispânica, cujos sonhos revolucionários resultam de fantasias muito próprias. "Chávez é um Fidel Castro sem cérebro e com petróleo", definiu a VEJA Andrés Oppenheimer, colunista do jornal americano Miami Herald e respeitado especialista em América Latina.

Se não há coerência ideológica em Chávez, seu plano estratégico é concreto. Em resumo, são cinco as ações externas mais identificáveis com que ele busca ampliar sua influência na América Latina.

• Primeiro, ele está usando o petróleo, abundante na Venezuela, para criar dependência nos países vizinhos. Os mais suscetíveis a essa estratégia são as pequenas nações da América Central e do Caribe, todas muito pobres, que importam da Venezuela até 80% do petróleo que consomem.
• Segundo, Chávez dá dinheiro e apoio político e técnico para movimentos de esquerda latino-americanos, muitos dos quais têm – ou já tiveram – o projeto de tomar o poder à força para instalar uma ditadura socialista.
• Terceiro, a Venezuela substituiu a União Soviética como patrocinadora do regime castrista em Cuba, fornecendo petróleo e abastecendo o país de bens de consumo industrializados, tudo a preço simbólico ou a fundo perdido.
• Quarto, o presidente venezuelano interfere nos assuntos internos de outros países de várias maneiras. Apóia candidatos à Presidência, patrocina movimentos radicais. Na Nicarágua, por exemplo, ele pediu votos ao sandinista Daniel Ortega e, no Peru, deu dinheiro a um grupo que tentou derrubar o governo com uma quartelada (veja quadro).
• Quinto, Hugo Chávez adotou um virulento discurso antiamericano, que soa como música aos ouvidos dos nostálgicos da Guerra Fria – e eles são numerosos entre a esquerda latino-americana. Uma esquerda que sempre se caracterizou por seguir caudilhos nacionalistas, bastando que eles tivessem um discurso antiamericano. Isso nasceu como estratégia oportunista. O mais melancólico agora é que tenha se tornado a essência das esquerdas. Uma pena.

Por que Chávez insiste em comprar briga com os Estados Unidos? Ele diz a toda hora que os americanos querem matá-lo ou estão prontos para invadir o país. Até agora, de real, o que se viu foi o governo de George W. Bush evitar respostas às provocações. Muito ocupada com a confusão que arranjou no Oriente Médio, a Casa Branca contava que países amigos de Chávez, mas com governos responsáveis, aconselhassem moderação ao coronel. Enquanto isso, as empresas americanas na Venezuela passaram a ser tratadas a pão e água. Sem maiores explicações, o governo de Caracas suspendeu um contrato que permitia à ConocoPhillips, a terceira maior companhia petroleira americana, explorar um campo petrolífero no país. Há três meses, fechou as oitenta lanchonetes da rede McDonald's e as quatro fábricas da Coca-Cola que operavam em território venezuelano. Ao ridículo da batalha dos McDonald's e da Coca-Coca, acrescentou-se na semana passada uma iniciativa hilariante: o anúncio em Havana, por Chávez e Fidel, da criação da Alba. Vem a ser a resposta dos dois à Alca, a área de livre-comércio das Américas proposta pelos Estados Unidos. A Alba é mais um disparate de Chávez que não vai interessar a ninguém.
Estima-se que a Venezuela esteja injetando em Cuba, a fundo perdido, o equivalente a 20% de todo o dinheiro que entra na ilha. Isso é ruim para os cubanos, pois com essa folga de caixa Fidel se sentiu à vontade para abortar qualquer vislumbre de abertura política e até mandou fechar os pequenos negócios particulares, como restaurantes, que eram o ganha-pão de tantos cubanos. É irônico como a revolução gerou um Estado oficial de mendicância: Cuba viveu durante décadas de mesada enviada por Moscou. Agora, sobrevive com donativos venezuelanos.

Os Estados Unidos dão mostras de que Chávez está conseguindo seu intento de ser notado. Uma reação parece inevitável e está em curso uma campanha diplomática para isolar o regime de Caracas. E precisará ser uma estratégia de longo prazo, pois Chávez tem boas chances de ganhar um mandato de mais seis anos. Uma das preocupações americanas decorre de compras de armas em quantidade muito acima do que seria razoável num país cujo Exército tem apenas 35.000 homens. De janeiro para cá, a Venezuela comprou mais de 7 bilhões de dólares em aviões de combate, helicópteros, navios e sistemas de radares. O pacote russo inclui 100.000 fuzis AK-47.

Os fuzis preocupam mais do que tanques porque não podem ser rastreados por satélites. Aviões e navios não têm utilidade para forças irregulares; fuzis AK-47, como os comprados pela Venezuela, são o armamento-padrão da narcoguerrilha colombiana e de guerrilheiros em geral. Os russos também venderam aos venezuelanos uma fábrica de munições. As Farc são bem armadas, mas têm grande dificuldade em obter munição. Chegam a pagar 2 dólares por uma bala para fuzil AK-47. Imagine que negócio dos sonhos é ter uma fábrica de projéteis logo do outro lado da fronteira. Mesmo que Chávez não tenha a intenção de fornecer armamentos para os guerrilheiros, ele não tem controle sobre a corrupção que domina todos os escalões de sua administração, inclusive o Exército. "Os planos de Chávez de montar uma fábrica desse tipo de munição devem preocupar não apenas os Estados Unidos, mas também os vizinhos da Venezuela", disse recentemente o vice-secretário de Estado americano Robert Zoellick.

Preocupam o Brasil, realmente. Nos primeiros momentos o governo Lula trocou juras de amor eterno com Chávez, a quem tratava como membro da mesma confraria de presidentes esquerdistas. As relações esfriaram bastante. Hoje não são hostis, mas as ações de Chávez são atualmente a maior fonte de irritação do presidente Lula no campo externo. O Itamaraty não esconde sua avaliação de que Chávez se ressente do respeito que Lula desperta no exterior. Cada vez que Chávez faz declarações exageradas, como a de que a secretária de Estado americana Condoleezza Rice (entrevistada de VEJA desta semana) tem uma queda por ele, Lula liga para o colega venezuelano e pede moderação. Chávez promete se comportar, mas não cumpre a palavra.

A Venezuela é um país com fartura de petróleo, mas praticamente sem nenhuma outra fonte de renda. Em 1958, um pacto garantiu estabilidade política até os anos 90, um dos mais longos períodos de democracia do continente. Ficou acertado que o dinheiro do petróleo financiaria um Estado clientelista. A queda nos preços do petróleo nos anos 80 pôs tudo a perder. A corrupção é endêmica na Venezuela. O presidente que Chávez tentou derrubar em 1992, Carlos Andrés Pérez, acabou preso por causa do desvio de 17 milhões de dólares. Desde 1990, onze presidentes latino-americanos foram depostos ou forçados a renunciar antes do fim de seus mandatos. Em quase todos os casos, foram derrubados por corrupção ou simplesmente porque governaram sobre economias fracassadas. O lado mais perverso dessa instabilidade é o sentimento de que o voto não é capaz de livrar o país dos corruptos ou de promover as reformas necessárias para melhorar a vida da população. É nesse ambiente que prosperam populistas como Chávez.
Não é surpresa que Chávez fascine tantos esquerdistas, que o vêem como uma novidade saudável na política latino-americana. Fazer avaliações desastrosas e seguir qualquer um que antagonize os Estados Unidos está no DNA dos militantes de esquerda. No passado, a esquerda também seguiu alegremente outros pais da pátria, como Juan Domingo Perón, cuja promessa era resolver todos os problemas da nação com um estalar de dedos e, claro, colocando a culpa de tudo nos Estados Unidos. Chávez foi recebido com furiosa alegria no Fórum Social Mundial em Porto Alegre. É um espanto que tanta gente o festeje e não o Chile, o único país latino-americano a diminuir a pobreza pela metade. É a maldição do caudilhismo, a doença senil do esquerdismo.

Com reportagem de Ruth Costas e José Eduardo Barella