jueves, 27 de mayo de 2004

Apertem os cintos

Daqui a 18 horas começa a QUARTA recoleção de assinaturas da oposição venezuelana, que tenta acionar o artigo 72 da constituição, que prevê que todos os cargos de eleição popular podem ser revogados depois de passada a metade do mandato do funcionário em questão.

Ninguém disse que seria fácil, sempre soubemos que o caminho estaria cheio de obstáculos, mas parece que por cada armadilha que passamos, o governo se supera e tira da manga mais uma disposição ou regra que só procura baixar a moral da população. Agora mesmo, o governo venezuelano controla a Assembléia, o Tribunal Superior de Justiça, o Conselho Nacional Eleitoral, o Ombudsman, o Procurador-Geral e o Contralor. Mesmo assim, Chavez ainda publica no Washington Post um "Op-Ed" cheio de mentiras, fazendo pose de presidente democrático que é apenas mais uma vítima do imperialismo yankee. Ainda bem que o WP, como o resto da mídia internacional, não se ilude mais com as palavras de Chavez, e publica uma réplica em que aponta os erros e mentiras mais básicos do texto de Chavez. Digo "básicos" porque o editor não se extendeu muito, mas existe material suficiente para fazer um livro com as mentiras e contradições deste governo.

No texto, Chavez diz que foi a oposição que anunciou a renúncia dele. Na verdade, quem o fez foi Lucas Rincon, na época máximo chefe do exército e ATUAL Ministro do Interior. Ele também afirma que "milhões"foram às ruas pedir sua volta. Mentira, ele só foi trazido de volta porque foi negado seu pedido de fugir para Cuba e houve desentendimento entre os militares que promoveram o golpe. Outra mentira: a oposição não é, na sua maioria, da classe alta. Se aqui 80% da população é pobre, como é que Chavez só detem 30% (ou menos) de apoio?

Eu poderia continuar pelo resto do dia, mas prefiro guardar energias para este fim de semana. Amanhã vou "reparar" minha assinatura que segundo o CNE eu não escrevi (tenho a cópia da planilha na minha mão). Aliás, todo mundo têm um amigo, irmão, pai, mãe ou primo cuja assinatura foi roubada ou está sendo intimidado pelo governo. No meu caso, meu irmão e uma tia não têm direito a reparo, minha mãe nem aparece no banco de dados, um primo está sendo intimidado para que va retirar a assinatura porque trabalha num hospital público, e o esposo de uma amiga, que trabalha no ministério de educação, é ameaçado todos os dias com a perda do emprego.

Estarei postando desde o meu celular, no momento do reparo, amanhã ou no sábado.